A IDENTIFICAÇÃO DAS EMISSORAS CAPTADAS

Nas Ondas Curtas da Guarujá Paulista

Por Adalberto Marques de Azevedo – Barbacena – Minas Gerais

Caros amigos,

Como estamos quase no início de um novo concurso sobre escutas de emissoras, é importante frisar o grande significado que tem a correta identificação das emissoras captadas.
Este texto eu já apresentei aqui há algum tempo atrás, mas julgo oportuno reapresentá-lo novamente.

A IDENTIFICAÇÃO DAS EMISSORAS CAPTADAS.

A correta identificação de uma emissora sintonizada, é uma das questões mais importantes a serem observadas pelos radioescutas e dexistas.

Na realidade esta é a ação mais importante para a correta anotação do LOG e o posterior envio do Informe de Recepção. Da correta identificação existirá uma excelente possibilidade de se vir a receber a confirmação da escuta feita.

Um dos fatores primordiais para a correta identificação é exatamente uma boa audição da emissora sintonizada, e esta condição quase nunca está presente nas sintonias que fazemos, visto serem, na maioria das vezes, estações de longa distância, em freqüências baixas, transmitindo com pouca potência e sob o efeito de ruídos atmosféricos, interferências das mais variadas fontes.

Outra coisa que muitos consideram como importante é o dexista ser “bom de ouvido”, ter uma audição muito boa. Quanto a isso, posso falar por observação, pesquisa e experiência própria, que não se trata de uma verdade “batida a prego”, pois ao longo dos anos em que me dedico a atividade de sintonizar broadcasters, tenho observado pessoas que teoricamente não poderiam distinguir uma emissora sob o vendaval de estática e outras interferências e mesmo assim o fazem.

Aqui mesmo, em Barbacena, existe um radioamador ( Onélio – PY4ONU ), que devido a um acidente com a explosão de um cilindro de acetileno; perdeu uma perna, um braço, ficou cego de ambos os olhos e perfurou os tímpanos. Pois saibam que este radioamador, mesmo com as deficiências físicas atuais, opera muito bem a sua estação. Com o tempo, ele desenvolveu aquela percepção especial que os cegos possuem de distinguirem bem os sons, e identifica de imediato cada pessoa que o chama pela freqüência, mesmo sob as condições piores de propagação e interferência.

Como eu também tenho uma deficiência auditiva congênita, do ouvido direito, em uma das muitas consultas periódicas ao meu Otorrinolaringologista; este profissional me explicou que a máquina humana tem uma capacidade de adaptação formidável. As pessoas que possuem como eu, um “endurecimento” do diafragma auditivo, o nervo auditivo passa a captar as vibrações que chegam aos demais órgãos situados ao redor do labirinto auditivo e desta maneira, por substituição eliminam quase que totalmente esta falha.

É por isso que o Onélio, com seus tímpanos perfurados, escuta tão bem e eu com minha deficiência conseguimos distinguir de modo satisfatório as emissoras que sintonizo. Além disso a prática diária desenvolve a capacidade mental de deduzir aquilo que se ouve.

Mas, deixando de lado estas considerações de ordem física e até pessoal, falemos da identificação das emissoras.

Existe uma nomenclatura, fruto de uma padronização não escrita, mas aceita mundialmente pelos radioescutas, a qual determina que as identificações de Emissoras sintonizadas devem ser qualificadas dentro de quatro condições, que foram “batizadas” por palavras em Inglês, pois são oriundas do início do dexismo, o qual se desenvolveu primordialmente no hemisfério norte onde este idioma é muito difundido.

Estas quatro condições são: Identified, Presumed, Tentative e Unidentified.

Traduzindo estes termos, teremos: Identificado, Presumido, Tentativa e Não identificado.

Quando o dexista vai fazer a redação dos seus logs das escutas feitas, deverá ter em mente estas quatro qualificações de identificação de emissoras ouvidas e realizar as anotações dentro da maior seriedade possível de acordo com isso.

EMISSORA IDENTIFIED OU IDENTIFICADA:

Desta maneira, ele irá anotar como emissora sintonizada e identificada, aquelas da qual ele ouviu o “Identify”, a identificação da emissora, e nestes casos, deve se ter plena certeza disso.

Neste mister, eu sinto que quando operava exclusivamente com o Transglobe, isso se tornava uma tarefa até bem mais consistente, pois era obrigado a ficar ouvindo a emissora, até que ela se identificasse, pois o dial analógico não permitia uma perfeita exatidão da freqüência sintonizada. Hoje, operando um Sony ICF 7600GR tenho de ter um cuidado maior, pois nem sempre entendemos perfeitamente aquilo que ouvimos.

É certo, que com o passar do tempo a nossa audição, aliada á capacidade de memorização cerebral, nos dá a condição especial de observar pequenas diferenças de tonalidade, timbre, aspectos típicos da modulação dos transmissores, e outros detalhes; os quais nos permitem identificar uma emissora após ouvir quinze segundos de sua transmissão,

Mas, mesmo esta capacidade pessoal, não deve ser utilizada como ferramenta para a completa identificação. O correto é aguardar o momento onde a emissora apresenta a sua titularidade. Sabemos que isso ocorre a cada hora cheia e a cada hora e meia, nas internacionais.

O problema maior resulta nas nacionais, pois existem algumas emissoras que não tem conhecimento do poder de marketing que tem a divulgação de seu nome e teimam em transmitir por horas a fio sem se identificarem, fato este que resulta numa desobediência ás leis nacionais de telecomunicações.

Bem, mas voltando ao nosso assunto específico, devemos considerar como identificada aquela emissora da qual temos 100 % de certeza da identificação. Neste caso se anota o Log, normalmente, sem qualquer acréscimo de termos sobre a identificação

EMISSORA PRESUMED OU PRESUMIDA:

Este caso, na identificação de emissoras, se ate aquelas onde não temos a certeza absoluta da identificação, mas verificamos uma grande possibilidade de ser a emissora que acreditamos.

Simulemos a situação onde se ouve uma emissora falando: “Aqui na cidade de Rebimboca do Sul são precisamente 19 horas”. Ora, se em nossa pesquisa pessoal, descobrimos que a cidade de Rebimboca do Sul tem 5.000 habitantes; podemos presumir que existe no máximo apenas uma emissora local e “sapecamos” o nome e freqüência desta emissora no nosso Log , porém acrescentando porém o termo “Presumed”.

Devemos fazer isso por não termos identificado plenamente a emissora.

Esta anotação é imprescindível, pois imaginem se a Rádio de Rebimboca do Norte está fazendo a cobertura de uma Exposição Agropecuária em Rebimboca do Sul; com certeza ela irá mencionar a hora local e com isso, tornará uma anotação feita como Identified completamente incorreta.

Podemos avaliar as identificações “Presumed” como aquelas onde temos de 90 % a 99 % de certeza da identificação, mas não temos os 100 % de absoluta certeza.

EMISSORA TENTATIVE OU TENTATIVA:

Este tipo de identificação deve ser anotado no Log, quando o nosso grau de certeza fica numa qualificação bem menor que o de “Presumed” ou presumida; algo como 75 % a 90 % de certeza.

Podemos exemplificar este caso com a seguinte situação:

” # % $ * * > …. Rádio #8 IAIA…. …..Caros ouvintes da # $ * &IAIA…BWT… nós ….”

Você tem certeza que existe uma emissora transmitindo na canaleta, você consegue até ouvir alguns vocábulos inteligíveis, mas não consegue identificar mais nada da transmissão. Nestes vocábulos você identifica o sufixo IAIA e pode até deduzir…Rádio Itatiaia…

Mas, se considerar que a Rede Itatiaia retransmite sua programação através de diversas outras emissoras em localidades diferentes, poderá ocorrer de você estar captando uma destas emissoras.

Daí você deve mencionar em seu log, uma descrição resumida da situação da escuta acrescentando logo em seguida á freqüência (se tiver identificado ) a palavra Tentative ou Tentativo.

Com esta anotação, um outro dexista poderá até, numa situação mais favorável realizar uma identificação coerente da mesma emissora.


EMISSORA UNIDENTIFIED OU NÃO IDENTIFICADA:

Este é o caso mais fácil de entender, pois é quando ouvimos o sinal de um emissor presente no canal, mas não conseguimos ouvir nada mais que esta presença. Sem Identify, sem presença plausível de locução ou música, sem pistas ou rastros.

Nesta situação, se anota hora, freqüência, Unidentified e se tenta fazer ao menos uma explicação resumida do que se ouviu.

Bem amigos, esta questão de identificação de emissoras é um aspecto muito sério de nossa atividade. Como vocês podem verificar, quantitativamente, eu mencionei os seguintes valores percentuais: Identified – 100 %, Presumed – 90 % a 99 % e Tentative – 75 % a 90 %.

Podemos então concluir que abaixo de 75 % de certeza de identificação deve ser considerado como Unidentified ou não identificada. Nesta avaliação percentual pode se verificar como é séria esta questão.

Devemos ter em mente que somente ouvindo bem, por um bom tempo e analisando coerentemente nossas escutas é que poderemos realizar uma identificação precisa.

É por isso que não sou muito fã dos famosos “band scan”, ou seja, as varreduras rápidas de Dial, fazendo anotações seguidas de freqüências escalonadas na relação de Logs. Esta prática é até muito aceitável numa DX-pedição, onde estamos desbravando uma situação completamente nova dentro de uma faixa, com a possibilidade de realizarmos escutas que provavelmente não se repetirão mais.

Mas, em nosso shack, realizando nossa quota diária de escutas, devemos ser bem mais seletivos e observadores. Principalmente se observarmos que as emissoras apresentam programações curiosas, interessantes, músicas calmantes, notícias espetaculares e muitos outros atrativos.

É por isso que após sintonizar uma emissora, devemos ouvir a mensagem que ela nos está transmitindo e somente após estarmos situados completamente sobre a mesma é que devemos fazer as anotações na folha de logs.

E quando fizer estas anotações, não se esqueçam destas quatro avaliações: Identified, Presumed, Tentative e Unidentified.

Um abraço a todos,

DX Clube do Brasil



About admin

Engenheiro Eletrônico, trabalha na área de TI e Telecomunicações e é aficcionado por tecnologia, e a prática da radioescuta
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